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Loja de conserto de brinquedos em Campinas, Peleu se destaca com sua magia

Valdemar rodeado de brinquedos em sua assistência técnica

Valdemar em estoque de brinquedos na Peleu

É dom, dedicação e muito amor pela profissão. A entrega diária de Valdemar Rodrigues Gonçalves é tamanha que logo cedo, antes de abrir a loja, ele já está debruçado sobre sua bancada tentando desvendar os mistérios de mais um brinquedo quebrado. Há mais de 30 anos no ramo, já se foram horas e mais horas de conserto dos mais variados tipos, idades e tamanhos. Hoje, além dos quadriciclos, helicópteros, carrinhos e bonecas, conserta adegas, tablets, drones e quatro frotas inteiras de carrinhos de bebês de shoppings da cidade. É a modernidade, e Peleu, como é conhecido, está se reinventando a cada dia para levar aos clientes a qualidade da única assistência técnica desse ramo em Campinas.

Os oito cômodos da casa de 460 metros quadrados, na Avenida Andrade Neves, estão ordenadamente abarrotados. Peleu não reclama, não. “A demanda é boa. Em torno de 5 dias úteis eu estou entregando o produto”, conta. Peleu tem oito funcionários, mas quando começou a consertar, em 1978, confessa que não imaginava atingir toda essa estrutura. “A tecnologia avançou muito, principalmente para carrinhos eletrônicos”, explica.

E para ficar antenado, participa todos os anos da Feira Brasileira de Brinquedos, que nesse mês vai para a 30ª edição. “Eu participei da primeira edição, e até hoje vou. É preciso ficar antenado com as novidades do mercado. Falo para meus funcionários que precisamos conhecer pelo menos o básico”. Peleu começou sua carreira aos 20 anos, na fábrica da Estrela, em São Paulo.

“Estava passando em frente a Estrela e estava marcado na porta: ‘Precisa-se de consertador de brinquedos B’. Desci do ônibus e fui lá. Fiz um teste e lá fique por 10 anos na área de assistência técnica e projetos”, relembra. Durante esse tempo, também estudou eletrônica, e pegou todo know how em carrinhos de controle remoto, que no final da década de 1970 era a grande sensação do momento. Mas saiu da Estrela e veio para Campinas, também atrás da mãe e do irmão.

Sua loja, quando se mudou, ficou mais de 20 anos na Rua Luzitana. Tem clientes de tão longa data que hoje são os netos dessas “crianças” que vão levar suas peças danificadas. “Apesar de ser brinquedos a responsabilidade é muito grande. As crianças são muito apegadas a eles. Elas ligam sábado, domingo e feriado para saberem se o conserto ficou pronto ou não”. E tem pais que ligam lá, e pedem: “Valdemar, se meu filho ligar aí você fala que o carrinho não ficou pronto. Está no meu carro, não tive tempo de levar para consertar”.

Os brinquedos de Valdemar foi ele mesmo quem fez na infância humilde em Miguelópolis-SP. “Eu fazia carrinhos com carretéis de linha, e também carros de boi. Sempre fui muito criativo”, recorda. Hoje, mais de 50 anos depois, são os clientes que ligam para ele para tirarem dúvidas se a marca é boa ou não. Trabalha com produtos de 28 a 30 empresas e já são mais de 14 mil clientes segundo os registros da loja.

Apesar de ainda ter muito parafuso para encaixar, forro de boneca para costurar e drones para fazer voar, Peleu está atrás de um sucessor na arte do conserto. “É preciso dom. E está difícil encontrar”, confessou. Seus filhos, gêmeos, não estão muito aí para brinquedos. E sendo assim, o jeito é continuar na ativa, sempre se reinventando. “Se trabalha direitinho, rico não fica, mas dá para pagar as compras”.

Agora, Peleu venderá brinquedos na sua assistência. Setenta metros já foram separados para isso. “Nada que estão tão ruim que possa melhorar”, filosofa, e termina: “Admiro quem luta para vencer. O dia que o cara diz que realizou tudo ele morre”.

Fonte: https://resenhaurbana.wordpress.com/2016/04/08/peleu-e-a-magia-dos-brinquedos/#more-470

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